Heleno compõe o grupo dos réus do chamado “núcleo 1” do inquérito que apura a existência de um plano de golpe de Estado após a derrota eleitoral de Jair Bolsonaro na eleição de 2022.
Em um desses momentos em que a defesa chamou a atenção do general, o relator do caso na Primeira Turma da Suprema Corte, Alexandre de Moraes brincou:
“Não fui eu general, que fique nos anais aqui no Supremo, foi o seu advogado.”
A fala de Moraes ocorreu logo após Mayer questionar Heleno se ele havia coordenado ações da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) orientando para que a agência produzisse relatórios e documentos com informações falsas sobre a eleição de 2022.
“De maneira nenhuma, não havia clima, o clima da Abin era muito bom”, respondeu Heleno.
“Não general, a pergunta aqui é só sim, ou não, desculpa”, rebateu o advogado.
Foi quando Moraes começou a rir e Heleno pediu “desculpa”.
Em outra questão, Mayer perguntou se o general chegou, em algum momento, a pontuar sobre a necessidade de se provar e se deixar com autoria e materialidade onde seria e como seriam as supostas fraudes nas urnas eletrônicas.
“Eu acho que isso é um processo contínuo de aperfeiçoamento e acredito que nós tenhamos que estar sempre na cabeça que a urna eletrônica pode ser melhorada. Eu enfrentei esse problema no Haiti”, afirmou.
Imediatamente o advogado o interrompeu e afirmou: “não general, perfeito, vamos só nos ater aos fatos. Desculpa, é porque as vezes a gente pode acabar se perdendo no assunto”.
Heleno escolheu exercer o direito constitucional de permanecer em silêncio durante seu interrogatório. Ele é réu no inquérito que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Como previsto na Constituição Federal, réus têm o direito de não produzir provas contra si.
O STF está no segundo dia de interrogatório, nesta terça-feira (10). Os oito réus do chamado "núcleo crucial" da ação penal que apura uma tentativa de golpe de Estado após a eleição de 2022 serão ouvidos, entre eles o ex-presidente Jair Bolsonaro, o delator tenente-coronel, Mauro Cid, e o ex-ministro da Defesa, Walter Souza Braga Netto.