"Eu não tinha clima para convidar ninguém para discutir qualquer assunto. Sobrou a eles, até como um desabafo ali, não entre nós, eu para com eles. E eu ouvi o Paulo Sérgio, ouvi o Freire Gomes, ouvi o Garnier... então o militar é aquele que está ao teu lado nas horas boas e ruins", disse Bolsonaro.
"Eu confesso, muitas coisas que eles falaram eu absorvi e chegou à conclusão rapidamente que não tinha o que fazer e esse governo ia cair de maduro, como tá caindo", prosseguiu durante a audiência o ex-presidente.
Bolsonaro depôs por cerca de duas horas e meia ao Supremo, e itiu o “estudo” de possibilidades para contestar as eleições de 2022, mas negou que isso se enquadrasse em uma tentativa de golpe de Estado.
O ex-mandatário confirmou a existência de reuniões para discutir uma possível decretação e Garantia de Lei a da Ordem (GLO) no Brasil. Segundo ele, elas aconteceram por receio de que as rodovias fossem paralisadas por caminhoneiros, além de se dizer receoso com manifestações em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília.
“Tratamos de GLO [em reuniões] porque os caminhoneiros estavam na iminência de parar, sobre o que poderia acontecer com aquela multidão em frente aos quartéis. Então, teve reunião para tratar desses assuntos. Nós estudamos possibilidades, todas dentro da Constituição”, acrescentou o político do PL.
Segundo a investigação, Bolsonaro atuou para disseminar informações falsas sobre a lisura das eleições e supostas fraudes nas urnas eletrônicas.
A PGR aponta ainda que, em dezembro de 2022, o ex-presidente recebeu de Filipe Martins, ex-assessor da Presidência, uma minuta de decreto que sugeria, entre outros pontos, a realização de novas eleições.
Bolsonaro teria feito alterações no texto e, depois de aprová-lo, ou a discutir o conteúdo com os comandantes das Forças Armadas. A denúncia também menciona diversas reuniões como parte da articulação golpista. Uma delas ocorreu em julho de 2022, quando ministros do governo teriam discutido manobras para "virar o jogo" eleitoral.