Segundo as investigações, Celsinho teria articulado um acordo com o miliciano André Costa Bastos, conhecido como Boto, e com Edgar Alves de Andrade, o Doca ou Urso, uma das lideranças do Comando Vermelho, para tentar recuperar áreas da zona oeste que haviam sido perdidas por sua facção.
Mesmo após ser solto em 2022, Celsinho nunca deixou de comandar a ADA, de acordo com a polícia. Com o domínio da facção à Vila Vintém, ele teria buscado expandir novamente a atuação da organização a partir de um pacto triplo.
Mesmo preso, Boto teria autorizado a presença da ADA em parte de Curicica, especificamente na Vila Sapê. A entrada da facção em uma área tão próxima à Cidade de Deus, território do Comando Vermelho, exigiu uma negociação direta com Doca, líder do CV na região.
“A gente tem ali o Celsinho da Vila Vintém se associando a um miliciano e também ao Comando Vermelho para expandir o tráfico de drogas na zona oeste”, disse o delegado Felipe Curi, secretário de Polícia Civil do Rio, durante coletiva de imprensa nesta manhã. “É mais um exemplo da união de facções e milícias para tentar retomar áreas perdidas, com o objetivo de lucrar e se reestruturar.”
Ainda segundo as investigações, o acordo previa não apenas a convivência pacífica entre os grupos, mas também o apoio logístico da ADA ao CV, com uso de suas bases em Realengo e Vila Vintém para auxiliar em ações contra milicianos na região de Santa Cruz.
“A prisão do Celsinho é simbólica e importante para a gente mostrar que essas alianças criminosas estão sendo monitoradas e combatidas”, reforçou Curi.
Celsinho foi condenado por tráfico, roubo e organização criminosa, e já havia cumprido parte da pena antes de ser solto. A ADA, facção que fundou após um racha interno no Comando Vermelho, foi uma das maiores do Rio nas décadas adas, mas perdeu força nos últimos anos para rivais como o Terceiro Comando Puro e para grupos paramilitares.