De acordo com o relatório, o país pode atrair entre US$ 2,6 trilhões e US$ 3 trilhões em investimentos até 2050, alavancando suas vantagens naturais e energéticas para liderar a descarbonização da indústria pesada.
O estudo destaca que o Brasil possui 17% das reservas globais de minério de ferro e 9% das de bauxita, matérias-primas essenciais para a produção de aço e alumínio, respectivamente. No entanto, sua participação nas etapas de beneficiamento ainda é modesta: apenas 2% da produção mundial de aço bruto e 1% da de alumínio primário.
Além dos recursos minerais, o país se beneficia de uma matriz elétrica majoritariamente renovável, o que reduz a pegada de carbono dos processos industriais. Esse diferencial coloca o Brasil em vantagem frente a grandes emissores como China e Índia.
Caso o Brasil aumente suas exportações para a União Europeia em 15 a 20 milhões de toneladas de aço e alumínio verde por ano, a UE poderia reduzir até 50 milhões de toneladas de CO2 equivalente em emissões de Escopo 3 — aquelas associadas à cadeia de suprimentos, fora do controle direto das empresas.
Esse volume representaria uma multiplicação de 20 a 22 vezes das exportações atuais do Brasil para o bloco europeu. O estudo estima que essa expansão pode atrair entre dez e 15 bilhões de euros em novos investimentos para o país.
Num cenário hipotético, em que o Brasil iguale sua participação no beneficiamento de metais à sua participação na mineração, haveria uma redução global de 125 a 165 milhões de toneladas de CO2 por ano. Só no caso do aço, a queda seria de 85 a 105 milhões de toneladas; no alumínio, entre 40 e 50 milhões.
Essa projeção considera a substituição de produção em países com maior intensidade de carbono por processamento brasileiro, aproveitando a eficiência energética do país.
O relatório do BCG também destaca iniciativas em curso para viabilizar a transição verde no setor industrial. Entre elas:
O estudo analisa também os impactos do CBAM (Carbon Border Adjustment Mechanism), mecanismo europeu que taxará produtos com base nas emissões de carbono. Atualmente, o CBAM considera apenas as emissões diretas (Escopo 1), o que favorece países como a China, que pratica preços mais baixos.
Mas se a UE ar a incluir o Escopo 2 (emissões associadas à eletricidade usada na produção), o alumínio brasileiro se tornará mais competitivo, devido ao uso de energia limpa. Nesse cenário, os produtos do Brasil poderiam ajudar empresas europeias a cumprir metas ambientais com menor custo.
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