Jussara Soares
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Em Brasília desde 2018, está sempre de olho nos bastidores do poder. Em seus 20 anos de estrada, ou por O Globo, Estadão, Época, Veja SP e UOL

PT pede que Mesa da Câmara declare perda de mandato de Zambelli

Cúpula da casa avalia que requerimento não tem amparo legal mesmo com fuga de deputada

Deputada federal Carla Zambelli (PL-SP)  • Vinicius Loures/Câmara dos Deputados
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O líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), pediu à Mesa Diretora da Câmara dos Deputados que declare a perda de mandato da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). O pedido foi feito após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinar, nesta quarta-feira (4), a prisão preventiva da parlamentar, que deixou o país.

Sob reserva, integrantes da Mesa Diretora da Câmara avaliaram à CNN que o pedido do PT não tem chance de prosperar, visto que não há amparo legal para que seja atendido.

No requerimento, o líder petista argumenta que, embora ainda não tenham sido julgados os recursos contra a condenação de Zambelli a dez anos por invasão hacker ao sistema da Justiça, o fato de a deputada ter deixado o Brasil justifica a perda do mandato.

"Em que pese não tenha havido ainda o trânsito em julgado, por oposição de embargos declaratórios procrastinatórios, novos fatos de extrema gravidade foram tornados públicos após a condenação: a deputada Carla Zambelli evadiu-se do território nacional, encontra-se foragida e já declarou, em vídeo repercutido por diversos veículos da imprensa nacional, que não pretende retornar ao Brasil, frustrando a aplicação da lei penal e tornando ainda mais patente a absoluta incompatibilidade entre sua situação jurídica e o exercício da função parlamentar", cita o pedido.

Ao condenar a deputada pelos crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica, o STF determinou a perda do mandato após esgotados todos os recursos.

Depois disso, a decisão é enviada à Câmara, que inicia o processo interno para deliberar sobre a perda de mandato.

Após a Mesa autorizar o prosseguimento do processo, o caso é avaliado pelo Conselho de Ética. Se aprovado no colegiado, segue para o plenário, que precisa de mais de 257 votos — maioria absoluta da Casa — para confirmar a perda do mandato parlamentar.

A Constituição prevê que a Mesa Diretora pode decidir, sem ar pelo plenário, sobre a perda do mandato de quem faltar a mais de um terço das sessões, salvo em caso de licença ou missão oficial. Nos demais casos, é necessário o aval dos deputados.

Em abril deste ano, a Mesa Diretora declarou a perda de mandato do deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ) por faltas às sessões. O parlamentar está preso desde março de 2024, acusado de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco, ocorrido em março de 2018, no Rio de Janeiro.